O dever moral do Ministro Joaquim Barbosa

Juizes de tribunais superiores brigam o tempo todo. Quando os duelos não têm motivações doutrinárias ou resultam do contraditório da interpretação das leis, brigam por simples vaidade, no campo dos egos inflados pela pompa das togas. Mas o que aconteceu ontem no Supremo Tribunal Federal foi diferente.
O que a imprensa vem chamando de "bate-boca" foi na verdade uma gravíssima acusação frontal do Ministro Joaquim Barbosa contra o Presidente do STF, Gilmar Mendes.  É, portanto, um fato político que a tentativa diplomática por nota assinada dos demais ministros não desfaz. 
Mendes, segundo Barbosa, estaria "destruindo a justiça desse país". Disse em Sessão Plenária do STF, devidamente documentada e do conhecimento geral. O Ministro Joaquim Barbosa apenas repetiu o que comentaristas e analistas políticos vêm afirmando há muito tempo e que já faz parte do convencimento de  muita gente. 
Mas uma coisa é um jornalista fazer uma afirmação dessas num jornal ou Blog. Outra é um Ministro investido da autoridade do seu cargo repetir a acusação em sessão do STF. Cara a cara, com o complemento de que o Presidente do STF  teria "capangas" a seu serviço em Mato Grosso. Ao Ministro Joaquim Barbosa não resta alternativa senão levar a acusação de ontem às últimas consequências. Pois é seu dever, assim como de seus pares,  zelar pela instituição e impedir que ela seja desmoralizada. 
O Ministro Joaquim Barbosa também pode pedir desculpas formais e dar um "jeitinho" de amenizar ou até retirar o que disse. Mas  se isso acontecer, aí sim ele, os demais ministros e o próprio STF perderão definitivamente a autoridade moral que os contendores de ontem se esforçaram tanto em dizer que tinham. 

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