Bach e Paul Tortelier



Com Bach é assim: a gente ouve uma composição e fica com vontade de ouvir outras, conhecer mais ou simplesmente revisitar velhas nossas conhecidas. Foi assim que senti saudades das seis Suites para Violoncello solo. 
Solo? Nem tanto. Nada em Bach é solo, tudo é sinfônico! Sobretudo nessas suites para cello. Daí, por certo, a dificuldade em interpretá-las. Já no segundo ou terceiro ano do curso, os jovens violoncelistas precisam aprender essas peças, que são fundamentais para o domínio futuro do repertório do instrumento. 
Paul Tortelier (1914-1990) gravou duas séries completas das Suites para Violoncello de Bach. A última, realizada pouco tempo antes de falecer, foi considerada pela crítica e até por seus colegas uma das melhores, senão a melhor, de todas as versões disponíveis, desde a célebre gravação de Pablo Casals, em 1939. Há quem critique em Tortelier o vigor com que interpretava Bach ou o "romantismo" de sua sonoridade. Mas o violoncello não é por natureza um instrumento vigoroso e romântico? 
No prelúdio da Suite n. 1, por exemplo, Tortelier deixa a música de Bach fluir. Livre, solta e valorizada pelo som amplo e majestoso de seu instrumento. As notas todas ligadas, como numa corredeira, como as águas de um grande rio. Mas, o que estou escrevendo? O próprio Tortelier pode explicar suas idéias sobre essa peça, como ele a entendia e achava que devia ser executada. Confira no segundo vídeo, em francês e sem legendas. Mas a linguagem da música é universal, até quando apenas falada.   

Paul Tortelier
Prelúdio da Suite No.1, BWV 1007, para Violoncello, de Johan Sebastian Bach  
 

Paul Tortelier
MasterClass - Prelúdio da Suite n°1 de Bach

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