A violência contra a comunidade do Pinheirinho





Foto de Laura Aidar
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Um mês depois

O despejo do bairro do Pinheirinho em São José dos Campos está fazendo um mês. É um episódio que mistura especulação imobiliária urbana, trapaças judiciais comandadas por juízes inescrupulosos a serviço do mega vigarista Nagi Nahas, cumplicidade do governador paulista Geraldo Alkmim e do prefeito da cidade, Eduardo Cury –ambos do PSDB- e uma ação policial raivosa e violenta que não poupou ninguém, nem os cães de muitas famílias, mortos a tiros. 

Passado um mês desse episódio que envergonha São Paulo e todo o país, as violências cometidas contra os ex-moradores do Pinheirinho não terminaram. Milhares de pessoas, incluindo muitos idosos, crianças e pessoas gravemente enfermas, continuam a ser massacradas diariamente em abrigos infames e promíscuos, onde falta de tudo, a começar pelo respeito aos Direitos Fundamentais. Essa bela e pomposa expressão não quer dizer coisa alguma para gente como esse incrível Geraldo Alkmim, se ela tiver que ser aplicada ao povo trabalhador de São Paulo e particularmente aos que habitavam o Pinheirinho.

Em São José dos Campos não foi removido apenas um bairro popular. Tudo foi removido e demolido ali! A começar pelos “Direitos”, ainda que básicos e fundamentais. Tivéssemos um judiciário sério e corajoso, o governador de São Paulo e o prefeito de São José dos Campos já estariam respondendo a mais de um processo. Mas o judiciário sequer pediu explicações aos seus funcionários, os juízes que trapacearam descaradamente, passando por cima da lei e atropelando decisões anteriores sobre a tal “reintegração de posse”.

O governo federal tem sua parcela de responsabilidade nessa história. Agiu tardiamente e quando agiu foi de forma frouxa. Uma semana depois das violências contra os moradores do Pinheirinho circularam notícias de que o governo federal iria agir com rigor e eficência no caso. Até agora nada fez. Mas deveria fazer. 

A remoção do Pinheirinho foi uma afronta às bases da política habitacional criadas no governo do ex-presidente Lula, impulsionadas por dois importantes programas –o “Programa Nacional de Regularização Fundiária” e o “Minha Casa, Minha Vida”. Estaria o governador Alkmim tentando desmoralizar e desmontar em São Paulo os programas federais? Não sei. Mas é um fato que o despejo do Pinheirinho politicamente significa um enorme retrocesso no pouco que se conseguiu avançar nos últimos anos em matéria de política habitacional.

O bairro do Pinheirinho só precisava das ações de regularização fundiária, pois seus moradores já tinham casas e tinham vidas.

As casas não existem mais. As vidas permanecem, mas o futuro é incerto. É como diz uma senhora no vídeo abaixo: 

“-Tô que nem um passarinho...”

Pinheirinho: Somos Todos

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